terça-feira, 17 de outubro de 2017

290 de 365 - Tão longe, mas sinto-me tão perto...

"Estou tão longe de saber como foi, como é, como será daqui para a frente, mas sinto-me tão perto... "

Longe de saber como se sentem, como sofrem, longe de viver o horror da perda.
Mas mesmo longe, sinto-me perto, tão perto. 
É impossível ficar indiferente, seguir caminho como se nada fosse, é impensável não sentir um nó no estômago, uma tristeza profunda com o que se está a passar.
Estou triste, revoltada, sinto-me impotente, sinto-me mal.
Sinto um misto de orgulho e de vergonha deste meu país.
Orgulho pela coragem de uns, que munidos apenas do instinto de sobrevivência, lutam pelas suas vidas.
Orgulho pela coragem e força de outros, que trabalham por amor ao próximo, arriscando a sua vida para salvar vidas.
Sinto vergonha dos nossos políticos, que há décadas fecham os olhos a este flagelo.
Vergonha dos homens e mulheres que fazem da desgraça alheia o mote para críticas a uns e outros.
Vergonha deste "jogo do empurra", onde os peões somos nós, os cidadãos, que nas horas más nos deparamos com a dura realidade de abandono, desprotegidos por um Estado omisso e incompetente.
É um misto de sentimentos, é o reabrir de uma ferida que ainda está tão viva.
Dezenas de famílias em luto, dezenas de vidas por viver, um ecossistema devastado, um país em cinzas.
Estou tão longe de saber como foi, como é, como será daqui para a frente, mas estou tão perto, sinto-me tão perto...
Perto de coração, de lamento e de profundo pesar.


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